O BMW checo
O Castro Lopes estacionou o seu Skoda Fábia verde escuro à frente da pastelaria Coisas d'Açúcar e o Ferreira saltou logo que nem perdigão:
- É pequenito, mas é engraçadinho.
Engraçadinho é teu caralhinho, silvou o Castro Lopes enquanto puxava as calças para cima em sincronia com o levantamento simultâneo dos calcanhares.
-Isto é o melhor da classe. Olha-me estes faróis rasgados, a frente afilada. E o bater da porta?
-É checo ou eslovaco ou estónio ou lá caralho que é - tornou o Ferreira.
O Castro Lopes olhou-o muito sério. Carregou no comando e destrancou o carro. Abriu a porta do condutor.
- Isto é praticamente um BMW.
O Ferreira começou baixinho, mas depois estalejou num riso nervoso. O Castro Lopes não se perturbou.
- É praticamente um BMW. É checo, sim, e toda a gente sabe que os sudetas são checos e alemães, até o Hitler defendeu esse facto. É um BMW eslovaco só que por causa dos impostos é vendido como Skoda, meu ignorante.
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