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A mostrar mensagens de outubro, 2017

Aetatem ( 3)

Os ares do corpo. Aí pelos cinquenta, as pessoas começam a referir as maladias da idade. Nunca conheci uma que dissesse q ue bom, é sinal que cheguei até aqui . Somos  uns ingratos. Ninguém espera chegar a meio da maratona fresco como uma alface, ou como a romã ( estamos no tempo delas)  que contribuiu para a invencibilidade de Isfandyar, corrécio de Zaratustra. Porque somos animais presos à mortalidade, estranhamos o cansaço  a meio da corrida. Pior: recusamo-lo. Acolhe, portanto, caro viajante, essas pernas  cansadas ou a glicémia rebelde. Por mais que te incomodem, esses sinais são a confirmação de que ainda tens problemas com o IRS.

Aetatem ( 2)

Imaginamos, e com dificuldade,  qual será o primeiro a morrer ( irmãos e amigos), mas nunca pensamos quem  será o primeiro  a dar de si. Claro que nos  podemos  impressionar com uma doença súbita, mas não a ligamos propriamente  à idade da pessoa. Um cancro ou um AVC podem acontecer aos quarenta anos. Esta incapacidade em representar o envelhecimento do grupo de contemporâneos faz parte do mosaico imperfeito. Estamos treinados a reconhecer a decrepitude   nas gerações mais velhas. E isto é extensivo a todos. Tantas vezes  ouço  alguém de setenta anos falar de um colega de escola  como   " um rapaz da minha terra", mas neste texto  interessa-me mais a meia-idade. Imaginar  o envelhecimento dos nossos contemporâneos é difícil porque obriga  a imaginar o nosso. São pessoas  do nosso mosaico, são elementos permanentes  do desenho da nossa vida. Entalada entre os velhos de lei e os mais novos ( filhos,  filhos de amigos etc), a nossa linha temporal parece suspensa. 

Aetatem ( 1)

Todos queremos  chegar a velhos. Não queremos envelhecer. Abertura. Temos uma recordista na clínica. Tem noventa anos. Vive numa aldeia a cinco quilómetros da vila.  Todo os  dias vai de manhã ao pão. De bicicleta. Costuma esquecer-se de qualquer coisa e volta  lá à tarde. Vinte  quilómetros diários. No outro dia disse-lhe que tem de usar  capacete. Respondeu-me que não lhe apetece. Não é uma história engraçada. Ela vive  danada por não poder  trabalhar na fazenda: Agora  só pedalo . Se o capacete lhe permitisse  cavar batatas outra vez, usá-lo-ia até  no banho. Para ela, como para todos nós , o peso da  idade é a barbacã da muralha: separa-nos  das nossas defesas.

Catalunha: o dedo no dique

Só  facto de o Podemos e , de um modo geral, a esquerda espanhola apoiar a reivindicação catalã é que pode explicar o acinte com que o assunto é visto  na opinião portuguesa mais ou menos alavancada  em modos liberais. 1) É isenta de lógica a  explanação do histórico independentista  da Catalunha, estribado no tempo, na cultura e na língua. Nestes idos  de internet só um ignorante convicto  permanece  ignorante. Ou seja, o motivo  do crime  está à vista de todos. 2) O argumento da fragilização do estado espanhol é risível.  Por essa lógica ainda continuavámos no império romano. Se quisermos ir pela solidez do estado-nação, convém recordar que essa ideia  ganhou força precisamente  contra a legitimação ( auto-legitimação) de   monarquias e  teocracias. O princípio do estado-nação assenta num estado independente, com constituição escrita  e garante da igualdade entre os cidadãos. 3) O espantalho do perigo para a Europa é o mais capcioso. No desmembramento da Jugoslávia,

Mulher é desdobrável

Professora, filósofa, escitora, poeta e, se não me engano, dramaturga. Adélia Prado anda pelos oitenta  e picos. Os versos finais de Com licença poética   são de chupeta. Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira. Cargo muito pesado pra mulher, esta espécie ainda envergonhada. Aceito os subterfúgios que me cabem, sem precisar mentir. Não sou feia que não possa casar, acho o Rio de Janeiro uma beleza e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos — dor não é amargura. Minha tristeza não tem pedigree, já a minha vontade de alegria, sua raiz vai ao meu mil avô. Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

O rei vai nu

Foi preciso morrer gente queimada para os media fazerem, pela primeira vez no tempo da União Sagrada, jornalismo. Desafio-os a encontrarem, após Novembro de 2015, uma peça televisiva igual às que eram mato durante os anos da troika. É que terminaram mesmo em Novembro de 2015, logo durante a primeira semana do actual governo  Para os mais  recalcitrantes: a partir de Novembro de 2015 não houve mais miúdos sem refeições escolares,  doentes em macas  nos corredores, velhos  a viver em barracas infestadas de ratos. Foi instantâneo. Com 95% dos analistas políticos ocorreu o mesmo fenómeno. O poder mediático, sobretudo o mais popular, o televisivo, tem a capacidade de nos contar uma história e representar uma realidade. Toda  a gente sabe isto. Nenhum regime totalitário permite pluralidade televisiva mesmo que não consiga unanimidade na imprensa ou nas rádios, meios que muitas vezes sobrevivem na clandestinidade.  As cadeias em roda livre, as dívidas dos hospitais,  a derrocada do

Composition by field

Robert Creeley de novo. Olson  traçou com ele a teoria d o projective verse : a forma nunca é mais do que  a extensão do conteúdo. Continuo a achar que os herméticos italianos passaram primeiro, mas OK.Traduzindo por miúdos, um segundo fôlego do verso livre. Ficar com esta absoluta jóia dele: The love of a woman is the  possibility wich surrounds her as hair her head, as the love of her follows and describes  her. But what if ( For Love: Poems 1950-1960)

Uma moca com pregos

Tenho cá uma, é a jóia da colecção, comprei-a em Rio Maior era ainda miúdo. Os pregos têm a cabeça achatada, mas a potência da bicha é fenomenal: "a história de um casal de Felgueiras que acabou com o marido a agredir a esposa com um moca com pregos, porque esta teve um relacionamento extraconjugal" . Ora examinemos isto. Para já, nenhum dos Testamentos fala em moca com pregos, embora  recomende a execução de crianças que  insultem os pais ( Exodus 21: 15-17) . Vejamos os próximos acordãos. Seja como for, toda  a suposta atenuante do momento  de exaltação do cornudo tenho-a eu aqui, na primeira  história . É tão repetida e habitual que quis que fosse  a primeira  do livro. Quanto à importância do meio cultural na exegese da sociologia do cornudo, apraz  registar a quase coincidência da lei com a religião. Ainda falta é um bocadito para a sharia .

JIm Hacker Azeredo explica o caso de Tancos

- Bom dia , minister. O que se passou ao certo em Tancos? - Bom dia também para si Bill. Está um belo dia, espero é que  não aqueça demasiado. Os fogos ehehhe desculpe ...sabe...uma tragédia. uma tragédia. - Minister ...Tancos....? - Ah..sim, claro. É uma base. Uma boa base. Tem diversos regimentos lá, sabe?  - Yes, minister, mas as armas que não tinham desaparecido foram encontradas lá ao pé.  As pessoas querem  uma explicação. -  Bem, Bill, sabe, todos queremos, todos queremos.... - Sim, mas o senhor é o ministro da defesa.... - Exacto, não sou o ministro das missing persons ehehhe ou, no caso,das missing weapons ehehhe.. - Minister, o senhor é o responsável. Disse que  não teria havido furto, afinal foram encontradas... - Pois foram Bill, o que prova que não houve furto... -??? - Bill, Bill..se  você perder uma coisa  e depois  a encontrar não foi roubado, pois não? Eu estou sempre  a perder o telemóvel.... -Desculpe, minister, as armas deviam estar  no quar

Sexo, poder & gatafunhos ( 3)

Ele tem  o braço esticado e levantado . Saudação fascista? Não, deve ser  um telemóvel. Configura selfie? Não porque só apanha a nuca dela. É  para mais tarde recordar, como no antigo jingle da Kodak. O que é notável é que este tipo de  babochatas só costuma mostrar o felatio. O cunnnilingus parece ser menos fotógenico  e mediático. Não sei porquê.

Quente & frio

A ciência dos analistas políticos  decidiu que António Costa foi frio na célebre comunicação ao país. Inadmíssivel, uma vergonha etc. Daí à generalização psicológica foi um passo: ele é assim, frio e insensível.  Bem sei que diziam o mesmo de Passso Coelho: os psicólogos de salão são assim mesmo. Se António Costa tivesse mandado os cidadão desenrascarem-se ou se se tivesse queixado das férias que não teve, talvez a análise psi pegasse. Não foi isso que aconteceu. Costa fez o que um político experimentado sabe fazer: consciente das asneiras cometidas, evitou lágrimas de crocodilo.  E fez muito bem. Se quisessem pegar por algum lado dessa célebre comunicação, podiam recordar  uma tirada de Séneca : Bis dat qui dat celeriter ( Quem dá logo dá duas vezes). Ou seja, Costa podia ter logo anunciado um par de coisas ( ajudas) concretas, para agora  e já. P ara ontem.

Estratagemas e métodos:

1) O estratagema é contado por Boris Pahor. Agarravam na  etiqueta  com o número do condenado ( libertado   na linguagem nazi)  e  colocavam-na do dedo grande do pé de um corpo já lavado e pronto para o crematório. Quando o SS  pedia a lista da morte, já o condenado estava em trabalhos  algures no exterior do campo de Natzweiler-Srtuthof. É tão simples. Se te libertam,  morres; se morres, libertas-te.   2) "Entre a perda do Brasil e a conferência de Berlim estivemos primeiro entretidos  a arrumar a casa por um sistema  conhecido em política: o método das desarrumações sucessivas que acaba por triunfar pelo cansaço.  Foi o nosso trabalho de 1820 a 1850" . ( Emídio Navarro,  conferência proferida no Salão Nobre da Academia das Ciências, Lisboa, 25 de Novembro de 1940)

PSD ( 11)

Votar  sim na moção de censura proposta  pelo CDS é fácil. Os mortos, os desalojados, os deprimidos com toda a situação dos fogos. Ainda mais fácil porque o partido  põe-se a salvo da acusação de ter ajudado o governo a sobreviver num momento de aperto. Talvez a facilidade não seja  a melhor opção. Uma moção de censura efectiva   a um governo tem de ser  estribada numa apreciação crítica global. Em regra, justifica-se pela paralisia  da acção governativa ( a fase final da AD, por exemplo)  ou em situações excepcionais ( a que fez cair Sócrates, livrando-o de ter de lidar com o FMI).  Misturar fogos e mortos  com a  política educativa ou a desgraça do SNS apenas pretende afirmar o CDS na esteira do resultado  autárquico de Lisboa. Muito bom para o CDS, sem dúvida, mas escapa-me em que é que isto interessa ao partido. Assim sendo, temos então que a  melhor forma de conseguir  um objectivo é através  da utilização obstinada de meios simples . A moção do CDS parece respirar

Dia de lirismo

Há uns anos tive   a sorte  de  conseguir  a poesia completa de João Lúcio ( edição da INCM, claro), o único  que Pascoaes considerava  à sua altura. Já o trouxe aos blogues um par de vezes, porque fico sempre rendido.  No  meio do enjoativo  êxtase lírico, encontro coisas que só podem ser desenhadas nesse registo: Como a floresta, meu amor, eu tento, Atirar meu canto pra a altura: Para a fazer cantar, toca-lhe o vento, Pra me fazer cantar , no pensamento, Passa o sopro da tua formosura. ( Na Asa do Sonho, 1913)

PSD ( 10)

O partido está exactamente onde a coligação de governo o quer: a discutir a vida sexual das tartarugas. Saber se é mais à esquerda  ou menos à direita, se cai para o centro ou para periferia, se é laranja ou preto. Em linguagem tauromáquica isto é pôr o toiro nos médios. A jeito do cavaleiro. Quando uma organização política com um líder demissionário, minoritária no parlamento,  em queda nas sondagens e trepanada nas autárquicas se põe a discutir a sua matriz política, tal pode significar uma de duas coisas: a) não sabe o que é b) tem medo de ser o que é. Ambas as hipóteses  são arrepiantes. A alternativa só pode passar  pela inovação.  Darwin nunca disse que os mais fortes sobrevivem,  disse que os que se adaptam  às modificações do meio sobrevivem: 1) Um dos  processsos inovadores terá de consistir em redesenhar a base de apoio. O famoso aparelho regional  é uma recordação. Os autarcas baldeiam-se de partido conforme o vento e o novo estatuto de independentes. Po

Muqaddimah*

"A  sociedade humana  culmina na fundação das  cidades, a vida sedentária  é o término e a corrupção da civilização;  esta, consequência natural da cooperação,  constitui um mal em si mesmo e é, no processo de toda  a evolução social, o princípio que mata (...). O ciclo de uma sociedade acaba; nascida no campo, frutifica  através da conquista de outros grupos, que reúne sob a sua soberania, e morre na cidade, fundada como residencia do poder político. (...) Os semi-selvagens - os bárbaros  nómadas - são os únicos homens dotados de condições para conquistar e dominar. Na cidade, no Estado já constituído,  perdeu-se a coragem, porque se vive com excesso de segurança". (* Prolegómanos, c. 1373, de  Ibn Kaldhoun, aka bin Khaldun, Ibn Jaldún,  etc) A última frase é terrível, não é? O excesso de segurança aniquila a coragem? Sempre que releio esta passagem lembro-me de A Toca , do Kafka.

PSD ( 9)

Os defesas centrais da posição de princípio , como o PCP chama ao seu acordo com o PS, são os media. Se o partido escolhe um político que tem fama de má relação com os jornalistas, ninguém levara  a sério o combate que é preciso travar. Significa isto que é preciso  acamaradar com as legiões saídas dos cursos sobre Lukács, Foucault e Zizek?  É exactamente o contrário. Com Debord. A classe ideológica totalitária no poder,   hoje ,em Portugal, é o poder de um mundo invertido: quanto mais ela é forte , mais ela afirma que não existe. Esta ideologia transformou policialmente  a percepção das coisas. Tal como os partidos de protesto - o Bloco (que Pacheco Pereira designava como meramente tribunício) e o PCP -, os media são hoje burocratas da mentira que pretende  desenhar uma sociedade espectacularmente diferente da do período da troika. Acabaram assim as notícias sobre  a desgraça do SNS ou  sobre os mendigos que dormem na rua; as greves passam a ser más e politicamente orientadas

O grande Rodrigues

Só os estúpidos não mudam. O Rodrigues não é estúpido. Foi do Sporting até aos vinte anos. Ia a Alavalade ver os jogos, emocionava-se com a linha avançada: Keita, Jordão e Manuel Fernandes.  Depois conheceu a  Sofia. O futuro sogro, um juiz severo  mas apaixonado pela bola, era do Benfica. Rodrigues aprendeu as maravilhas de outra linha, Magnusson e Rui Águas , e passou a ir para o camarote da Luz, o maior estádio da Europa. Na faculdade enturmou-se com uns amigos, sobretudo o Orey, e assinou a  ficha do CDS. Envolvido na política estudantil, fez figura  pela maneira  leonina como atacava os comunistas que tinham matado  Amaro da Costa. Viajou  com o partido a Bruxelas e Paris, fez-se homem. O cavaquismo desiliudiu-o num tempo em que dava aulas no secundário. Aplicado e estudioso, estabeleceu laços frutíferos com o Ferreira, sindicalista da UGT, católico e homem bom.  Quando Guterres concorreu fez-se-lhe luz.  Num dia claro e límpido filiou-se no PS e na UGT. Chegou a deputado

Toda a...

Armindo Rodrigues, uma vez mais. Anda esquecido, bem sei, como muitos poetas portugueses, mas aqui será sempre convidado.  Médico, tradutor,  homem da Vértice e da Seara Nova,   militante comunista. Morreu em 1993 sem uma evocação nos jornais. Neste livro,   uma poesia marcada pelo tempo, gongórica e arrebatada, mas  em Quadrante Solar tem isto, que  é de  uma beleza hermética:   Toda a justiça é injusta, porque julga, toda a ordem desordem, porque impõe, toda a verdade errada, porque muda.

PSD ( 8)

Estes períodos do  reposteiro, a anterior designação do camareiro-mor nos tempos de  Afonso III, só são  utéis quando alguém se está a vestir. É da natureza do reposteiro, até porque agora o usamos para tapar alguém ou alguma coisa. O que está escondido atrás do reposteiro não é  o próximo presidente do partido. Rui Rio tem estado bem à vista, até já deve estar  com insolação.  O que se devia estar a preparar era um novo acto. Repare-se no exemplo da Saúde. Os cortes, o esgotamento, a destruição do SNS , como se disse entre  2011-2015, permanece, mas o arquivo do poder esconde-o bem à vista de todos. As redacções e o par Bloco/PCP  encarregaram-se  do trabalho.  É  possível o partido fazer o trabalho que era antes executado pelos porta-vozes do Bloco  e/ou pelos jornalistas  com voz embargada relatando a dona Almira que está um dia  inteiro numa maca do corredor ? Sim, mas de modo diferente. Um novo acto passaria pela denúncia incansável da mistificação.Se o governo é de e

PSD, esboço de um programa( 1)

Ler e estudar. É inadmissível  um partido de poder desprezar a superioridade académica neomarxista. É suicidário um partido ter como principais quadros pessoas ignorantes de tudo o que não seja a trica partidária ao telemóvel. Dar voz aos que não conseguem  expressar-se só se consegue se o partido tiver quadros capazes de romper  com  a pintura que os media fazem do país. Se a Geringonça diz que está tudo maravilhoso, ou seja, se os media o dizem, apontar as ceroulas do rei. Trabalhos e dias? Sem dúvida, mas tudo tem um começo.

PSD ( 7)

O partido foi o mais votado nas últimas legislativas,, mas parece que existe agora um consenso sobre  a necessidade  uma nova social democracia, de um novo partido, de novas caras. O que conta é o poder: quando as vacas não vão aos bois, ou foram antes ou vão depois. Tenho escrito que existe anomia na direcção, é verdade, mas trocar uma tendinite por um osteosarcoma não é uma boa opção. Fazer-se a  renovação com pessoal político batido em casacas viradas, no circuito da carne assada, nos lugares em Estraburgo, nas  empresas municipais, nas questões pessoais  e nas Jotas é papa para bertoldos. As coisas são o que são e Passos  podia bem fazer um Opções Inadiáveis au contraire. Dividia o partido e o grupo parlamentar entre os novos humanistas e os rezingões. Este resto de legislatura seria melhor aproveitado.

Coimbra de Matos , variações

 Velho novo: As redes sociais são apenas novas formas de comunicação ou parece-lhe que há o risco de mexerem com características fundamentais das pessoas? Penso que se não forem em excesso, não. Como tudo. A instantaneidade da comunicação terá alterado algumas das características relacionais que existiam na sua juventude? Não sei. Ouço os meus colegas, na faculdade de psicologia, dizerem: “Esta malta hoje não presta, no nosso tempo é que era bestial”. Pois, eu acho que os alunos agora são muito melhores do que eram no meu tempo. Muitíssimo melhores. Mais ávidos, mais interessados. A evolução é positiva. No meu tempo de estudante a maior parte dos colegas só pensava em futebol e em beber copos. Hoje vêem-se vários alunos e alunas interessados em filosofia, política, história. Não se reconhece, portanto, no discurso da crise de valores. Não, de maneira nenhuma. Os valores é que são outros. Em relação aos valores da religião, do pecado, são outros. Velho-velho:   Isso lem

PSD ( 6)

Não se pode dizer que o PSD perdeu Lisboa e Porto. Os candidatos eram cidadãos anónimos em termos políticos. O partido tem outras coisas com que se ocupar. Marco António gostava de se mostrar à frente das legiões. Passou bons tempos com  a maluca da Cleópatra. Depois de invadir  a Pártia, proclamou a egípcia Rainha  dos Reis. Não adiantou muito nem a um nem a outro, todos conhecemos o final . Esta arenga tem o propósito de sublinhar um velho dispositivo do poder: chegas-te à frente e fazes tudo pelos teus. Ora bem, o Marco António do PSD não é muito parecido com o musculado e corajoso amante da egípcia, por isso não podemos contar com ele. No congresso, pequenos centuriões vão escolher   o habitual cordeiro sacrificial intercalar. Alguém que se preste a perder com Costa daqui a dois anos. É uma espécie de coragem muito valorizada nas alcatifas. Assim sendo, temos nó em Górdio.