Rita Venância
Não suportava que as pessoas a acusassem de mentir. Como costumava dizer, a verdade era a sua meia-irmã, a honestidade a sua madrinha. Se duvidavam dela, alanzoava com os olhos em alvo que não admitia a ninguém semelhante pilhéria.
Rita Venância sofria pela virtude. Uma vida de maladias várias. Intestinos preguiçosos, algias avulsas nos bracinhos delicados, momentos de torpor que a fluoxetina não combatia devidamente. A mentira e a desonestidade do mundo eram as responsáveis pelo padecimento.
Os amores também não corriam nada afeiçoados. Um enganou-a durante anos com uma antiga namorada, outro prometeu-lhe o altar e o mundo mas só lhe deixou um calote entrudado; e assim por e tal a coisa.
Rita Venância não esmoreceu. Confidenciou à melhor amiga que veio ao mundo para o deixar melhor do que o conheceu. Só não tem sorte porque é muito verdadeira.
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