Aetatem ( 2)
Imaginamos, e com dificuldade, qual será o primeiro a morrer ( irmãos e amigos), mas nunca pensamos quem será o primeiro a dar de si. Claro que nos podemos impressionar com uma doença súbita, mas não a ligamos propriamente à idade da pessoa. Um cancro ou um AVC podem acontecer aos quarenta anos.
Esta incapacidade em representar o envelhecimento do grupo de contemporâneos faz parte do mosaico imperfeito.
Estamos treinados a reconhecer a decrepitude nas gerações mais velhas. E isto é extensivo a todos. Tantas vezes ouço alguém de setenta anos falar de um colega de escola como " um rapaz da minha terra", mas neste texto interessa-me mais a meia-idade.
Imaginar o envelhecimento dos nossos contemporâneos é difícil porque obriga a imaginar o nosso. São pessoas do nosso mosaico, são elementos permanentes do desenho da nossa vida. Entalada entre os velhos de lei e os mais novos ( filhos, filhos de amigos etc), a nossa linha temporal parece suspensa.
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