PSD ( 10)
O partido está exactamente onde a coligação de governo o quer: a discutir a vida sexual das tartarugas. Saber se é mais à esquerda ou menos à direita, se cai para o centro ou para periferia, se é laranja ou preto. Em linguagem tauromáquica isto é pôr o toiro nos médios. A jeito do cavaleiro.
Quando uma organização política com um líder demissionário, minoritária no parlamento, em queda nas sondagens e trepanada nas autárquicas se põe a discutir a sua matriz política, tal pode significar uma de duas coisas:
a) não sabe o que é
b) tem medo de ser o que é.
Ambas as hipóteses são arrepiantes. A alternativa só pode passar pela inovação. Darwin nunca disse que os mais fortes sobrevivem, disse que os que se adaptam às modificações do meio sobrevivem:
1) Um dos processsos inovadores terá de consistir em redesenhar a base de apoio. O famoso aparelho regional é uma recordação. Os autarcas baldeiam-se de partido conforme o vento e o novo estatuto de independentes. Por outro lado, erradicar isto. Se tal acarretar anos de doca seca, paciência.
2) Outro será o de escutar as pessoas em vez de ouvir os senadores e/ou barões. Quase todos pularam do barco dos ano da troika. Não são estúpidos, sabem que as pessoas associarão sempre o partido a cortes no rendimento. Por exemplo:
2.1) Resgatar a imagem dos empresários, organizá-los em guildas de actores sociais que não podem continuar a ser vistos como cartolas de charuto depredadores, mas como criadores de riqueza e emprego. Dar-lhes voz e e audiência.
2.2) Escrever e publicar uma singela verdade, tantas vezes repetida pelos partidos da actual coligação de poder: existe alternativa. No caso, a uma governação atomizada, em centenas de negociações com a extrema-esquerda, que impede a modernização do país. Explorar a insalubridade de uma coligação governo esclerosada, como se viu no caso do relatório da CTI sobre Pedrogão.
2.3) Assumir de vez a costela liberal. Ouvir a faixa etária que mais se abstém.
É impossível ser liberal em assuntos laborais e reaccionário em negócios de cama e vida privada. Passam a vida com Sá Carneiro na boca, mas depois portam-se ( alguns) como ratos de sacristia. Snu deve estar a rir-se.
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