A Convenção de Moss
Renata Soraia saiu do face e pousou o telemóvel. Como era possível? Estaria tudo louco? A Bruna Carla tinha feito três likes na foto do seu namorado. Do seu... do dela, Renata. Três likes? Um like ainda vá, e já era muito, aquela lambisgóia não tinha vergonha na cara. Agora: três? Aquilo exigia medidas de fundo.
Começou a sentir a cabeça à roda e difuldade em respirar. As mãos pareciam enguias. Foi ao quarto dos pais e tirou da gaveta da mesinha de cabeceira da mãe um diazepam. Ia fechar a gaveta quando viu, debaixo de um par de lenços, um coisa preta e mole, parecia um cinto. Pegou na coisa e horrorizada percebeu que era um dildo. Estupidificou. Para que raio queria a mãe um dildo? Voltou para o telemóvel e pesquisou dildos em casais hetero. Não chegou a nenhuma conclusão aceitável, mas não desistiu. Lembrou-se de pensar.
O pai tinha quarenta e dois anos. A mãe se quisesse , enfim, divertir-se sozinha, não seria com um dildo. Renata era consciente da existência de vibradores. Tudo aquilo era desagradável. Um dildo só podia significar uma coisa e não era boa. Nada boa. Então o pai, que passava a vida a gozar com os maricas e com os impotentes e assim... O seu mundo desabava. O seu papá sofria de disfunção eréctil? Tão novo? Coitadinho.
Mais tarde desabafou no face em conversa privada com a Ruménia Margarida. Só não entendia por que motivo o coiso estava na gaveta da mesinha de cabeceira da mãe.
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