Terapia ( 7)
Said continuou admirador de Sartre (tenho pena que não tenha conhecido Camus, isso é que teria sido um belo debate sobre a a Argélia e a FLN), mas o osso aqui é outro.
Fantasiamos sobre gente que não conhecemos ou que já não vemos há muito tempo. No outro dia reencontrei no gabinete uma mulher que ajudei a há coisa de doze anos. Fiquei desconfortável porque guardei uma imagem que já não correspondia à realidade. Não foi só o envelhecimento físico ( isso também passou por mim), foi a perda da graça. Estava desiludida com a vida, com a idade, perdeu o humor de alfinete.
À noite, em casa, registando as notas da consulta ( mentalmente, porque não escrevo nada) tive de aceitar a minha ignorância insistente. O tempo não se limita a passar por nós: devora-nos.
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