A retórica do isolamento natalício
Tenho a casa ocupada por uma série de adereços. Plantas, bonecos ( alguns desconhecidos), coisas que parecem quadros, bolas, estrelinhas, coisas de tecido ou lá o que são, enfim, uma parfernália de motivos. Não posso deixar de pensar como seria a minha casa no Natal se vivesse sozinho em vez de habitar com duas mulheres: a minha ( será que ainda se pode dizer assim?) e uma cria quase adulta ( a outra já só vem nas férias).
Imagino um grande quadro com todos os jogos da liga inglesa, deste período do boxing day, encostado a uma parede.
Imagino um presunto de Vinhais montado no aparador da sala e a salvo de olhares rosnantes sobre a esterqueira dos fiapos do pernil do reco.
Imagino um par de enormes sacos de roupa suja à porta e prontos a irem para a lavandaria quando eu puder.
Imagino um prato, talheres e um copo no lava-loiça, numa espectacular minimização de recursos continuamente aproveitados.
Imagino uma cama sempre pronta a utilizar e uma mopa ( bela invenção que só conheci há pouco tempo) a postos para uns slides eficientes se, e só se, prementes.
Imagino muito mais livros deslocados do andar de cima para o de baixo quais emigrantes livres de amarras reguladoras.
Imagino a transumância de algum material de treino para tirar proveito das potencialidades da sala : se não posso arrancar do terraço o saco de boxe e a barra de elevações, posso trazer, também do andar de cima ( uma espécie de Catalunha), alguns pequenos halteres, extensores etc.
Dizem-me que me imagino numa mangedoura.
Imagino a transumância de algum material de treino para tirar proveito das potencialidades da sala : se não posso arrancar do terraço o saco de boxe e a barra de elevações, posso trazer, também do andar de cima ( uma espécie de Catalunha), alguns pequenos halteres, extensores etc.
Dizem-me que me imagino numa mangedoura.
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