O tempo irreparável ( 5)
O sentido de tempo, ou, melhor, de duração, é adquirido quando somos bebés. Constrói-se através do intervalo entre o desejo e a satisfação. É por isso que, a certa altura, o bebé no quarto, ouvindo a mãe na sala a dizer que já vai, suporta a fralda molhada ou a fome. Isto é consensual , desde os primeiros investigadores ( Fraisse) da coisa até alguns psicanalistas ( Tustin, Pollock etc).
Dito de outro modo, ganhamos o sentido de tempo aprendendo a controlar a frustração.
Para o curioso destas coisas, isto coloca um problema: o que usamos quando sentimos que algo ( por ex, uma relação antiga ) está a acabar? Não desejamos necessariamente que acabe, mas sentimos que está a acabar. Ficamos então frustrados porque a coisa não acaba de vez? Se sim, que mecanismo usamos?
Talvez isto explique a paralisia emocional em algumas pessoas. Reagimos emocionalmente ao fim da relação ( tristeza, melancolia), mas também aguardamos , mais ou menos tranquilamente, que a coisa termine de vez porque é esse o nosso desejo.
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