Sinais ( 4)
A América é um erro, mas um gigantesco erro. A ironia de Freud é-lhe atribuída pelo seu biógrafo, Ernest Jones, e terá sido proferida no regresso da viagem aos EUA em 1909. Mais tarde, em 1968, Paul Roazen contextualizou: uma mistura de vitalidade com pudor, falta de modos e de tradição intelectual, hipocrisia sexual.
Não por acaso, a psicanálise teve um estrondoso sucesso nos EUA ( o que muito admirou Freud).
Embora tenha vagas raízes americanas - a minha mãe nasceu lá e eu e o meu primo Johnny, piloto da força aérea dos EUA, temos o único par de olhos azuis da família - nunca tive a menor curiosidade em lá ir. Toqueville foi e ensinou-me muito.
As contradições continuam. Toqueville espantava-se como era possível um povo estar tão avançado a ponto de as mulheres já herdarem e o povo eleger os cargos executivos ao mesmo tempo que o adultério era punido com pena de morte. Hoje podes comprar armas muito antes de poder comprar cigarros.
Não se pode, é óbvio, definir a cultura americana. Há centenas de degraus. Pode-se identificar , no entanto, uma glorificação da violência : dos tvshows patéticos-moralistas sobre a heróica actuação dos polícias a muitas letras imbecis do hip-hop.
A América terá um pressuposto inconsciente colectivo de violência? Talvez. Desde a tomada do Oeste e aniquilação dos nativos à invasão dos territórios mexicanos, continuando na sobrevivência da segregação até 1964 ( formalmente). Resiste-se, claro, à psico-história, mas a tentação é grande.
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