Sinais ( 15)
Continuando com as ideias anarquistas , a cozinha e a estética do gosto, porque a chuva voltou e sabe bem. Uma das suas formas do consumismo é o anarquismo fast food. Partir umas montras, sonhar com a revolução, odiar a bófia. Este pacote desonra a representação anarquista nas suas várias declinações. É um hamburger com ketchup e fritas.
A ideia de uma vida não baseada na acumulação nem no aparelho repressivo do Estado é uma belíssima ideia. Afasta os comunismos reais e a retórica predadora do capitalismo. Como muitos dizem, afasta até a ideia de uma sociedade tal como hoje a concebemos. Sim, exceptuando tribos isoladas, como os Piaroa do Orenoco ou os Tiv da Nigéria central, os Rios de Onor por aí espalhados ou o velho ícone da comuna de Paris, é difícil encontrar exemplos sem regressar ao Paleolítico. Não é por isso que deixa de ser uma bela ideia.
As belíssimas ideias são como o sexo perfeito, uma intenção perpétua cuja concretização deixar-nos-ia a lamber sabão para o resto da vida. Ainda assim, podemos tentar. Uma das tentações pode ser o combate ao higienismo repressivo que tão bem convive com o culto lucrativo da carne miserável. A profecia de Baumgarten - a estética como a experiência do belo acessível a todos - falha nessa convivência canalha. Ao mesmo tempo que o Estado nos manda comer saudável, as grandes empresas ( que sustentam o Estado) elevam o hamburger a experiência do belo.
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