Sinais ( 10)

Pela lógica das coisas, manganos e moçoilas de vinte anos, amigos dos animais ou, melhor, radicais defensores dos direitos dos animais, deviam constituir um exército. Com a energia da juventude, brigadas implacáveis deviam atacar aviários, pocilgas, estábulos. Galinhas que nascem  e morrem  em meio metro quadrado, vacas presas a tubos afixados  às tetas, porcos que nunca vêem a luz do dia: o novo proletariado. As gerações mais velhas  também se envolveriam, trazendo experiência  e fundos sempre necessários à luta armada.

Por razões misteriosas, esse exército é de  terracota e jaz inerte. Os manganos  e moçoilas passeiam  à trela pequenos rafeiros e protestam contra as touradas. E assim se ficam. De resto, continuam a comer em hamburgerias  da moda e fazem petiscadas de salsichas nos festivais de Verão. As tias do movimento, se é certo que  afogam desgostos amorosos ou de pais  pouco fofos nas lambidelas dos seus canídeos, alimentam-nos com restos de cadáveres de animais: No matter what the package says, your dog is not getting whole chicken breasts, but what remains after the breasts have been removed for human food.”


Falta-lhes talvez um Gramsci  na lista de contactos. Alguém que os ajude a combater a hegemonia das ideias da superestrutura.  Ou viver da soja.

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